Encontro na UFRJ transmite palestra de Kenneth Anthony sobre as respostas nos recifes de coral, dia 24. Tema é citado no Rascunho Zero da Rio+20

Todos os recifes de coral estão ameaçados pelas mudanças climáticas e acidificação dos oceanos. Devido à relevância do tema, foi transmitida no Museu Nacional, dia 24 de maio, quinta-feira, às 14h, a palestra gratuita “Respostas dos Recifes de Coral às Mudanças Climáticas e Acidificação dos Oceanos”, com o cientista Kenneth Anthony, coordenador de pesquisas no Australian Institute of Marine Science. A iniciativa é do Programa de Pós-graduação em Zoologia do Museu Nacional (UFRJ) e do Projeto Coral Vivo, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Ambiental. Aberta a todos os interessados, ela será realizada em inglês. No final, houve um link ao vivo via web para o público sanar suas dúvidas com Kenneth. O formato do encontro precisou ser alterado porque o especialista retornou à Austrália antes do previsto, por problemas médicos familiares. Ele adianta alguns tópicos na entrevista a seguir:

1. Quais são os pontos principais em sua palestra: “Respostas dos Recifes de Coral às Mudanças Climáticas e Acidificação dos Oceanos”?

Kenneth Anthony - Um dos pontos principais da minha palestra é fazer um resumo da ameaça que as emissões de carbono representam para os recifes de coral, causando o aquecimento global e a acidificação dos oceanos. O aquecimento global ocasiona casos mais graves e frequentes de branqueamento dos corais (causando estresse do coral e muitas vezes a morte). A acidificação dos oceanos, que é uma conseqüência direta do aumento químico de CO2 na atmosfera, reduz a capacidade de recuperação dos recifes de coral, no intervalo entre os casos de branqueamento e outros distúrbios. O resultado do aquecimento global e da acidificação dos oceanos é o aumento da vulnerabilidade dos ecossistemas inteiros de recifes de coral. Outro ponto importante é que o aquecimento global e a acidificação dos oceanos irão exigir mais investimento em gestão e políticas inteligentes para os recifes de coral, a fim de maximizar a sua resiliência, enquanto são feitos esforços para reduzir as emissões globais de carbono. Este é um ponto importante, uma vez que o acúmulo de múltiplos estresses resultantes do aquecimento dos oceanos, acidificação, pesca predatória e poluição juntos aumentam o risco de colapso dos ecossistemas, com graves consequências para as sociedades humanas que dependem de seus recursos.

2 – Na sua visão, quais as três principais prioridades para os ecossistemas de recifes ao longo dos próximos cinquenta anos?

Kenneth Anthony - A alta prioridade é reduzir as emissões de carbono ao nível global. O aumento contínuo da concentração de CO2 atmosférico será sempre uma ameaça constante à biodiversidade, função ecológica e integridade dos ecossistemas de recifes de coral, reduzindo sua capacidade de fornecer bens e serviços importantes para as comunidades humanas, incluindo a pesca, o turismo e a proteção do litoral. Outra prioridade é ampliar os esforços para garantir a resiliência dos ecossistemas de recifes de coral, por meio de gestão e estratégias políticas que aliviem o estresse causado aos recifes de coral – em escala local e regional - incluindo pesca predatória, sedimentação e poluição. Em terceiro lugar, aumentar os esforços para promover a conscientização da importância ecológica e sócio-econômica dos recifes de coral saudáveis para a subsistência das comunidades humanas que deles dependem nas regiões tropicais em todo o mundo.

3-A importância dos recifes de coral para a vida da Terra é reconhecido no texto Rascunho Zero da Rio+20, que ocorre em junho. Como especialista no assunto, o que o Sr. gostaria que ficasse especificado no documento final da conferência?

Kenneth Anthony - A importância ecológica crítica e o alto valor sócio-econômico dos recifes de coral atualmente estão subestimados no Rascunho Zero. Gostaria de ver pontos mais específicos abordando soluções para os problemas ambientais dos recifes de coral, nesta era de crescentes ameaças. Aqui, os objetivos essenciais devem ser práticas de gestão e política de planejamento para garantir a resistência e sustentabilidade dos recifes, minimizando os casos de estresse que levam à alta vulnerabilidade dos ecossistemas. Todos os recifes de coral do mundo estão cada vez mais ameaçados pela mudança climática e acidificação dos oceanos. Os esforços para minimizar o acúmulo de outros fatores estressantes serão fundamentais para a sua sustentabilidade.

Destaco três pontos para uma perspectiva sobre a importância dos recifes de coral: Economicamente, os recifes de coral de todo o mundo representam um valor de mais de US$ 150 bilhões por ano nos setores da pesca, turismo e economias interdependentes. Socialmente, dezenas de milhões de pessoas nos trópicos dependem diretamente dos recifes de coral para sua subsistência. Ecologicamente, os recifes de coral são as florestas tropicais do mar, proporcionando habitats para algumas das mais ricas floras e faunas da Terra. Embora os recifes de coral constituam apenas 0,2% do ambiente marinho, eles representam cerca de 30% das espécies que vivem no mar.

Mais informações: www.coralvivo.org.br.

Fonte: Julia Medina - http://www.segs.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=75763:-mudancas-no-clima-e-nos-oceanos-serao-abordadas-no-rio-por-especialista-de-instituto-australiano-&catid=50:cat-demais&Itemid=331