Esgotamento do oxigênio cria zonas mortas

 

ESTOCOLMO, Suécia – O florescimento de algas está sufocando o Mar Báltico e 540 outros sistemas costeiros em todo o mundo.

Na última década, a área considerada “zona morta” cresceu de 22% para 28% no Mar Báltico, que faz fronteira com Suécia, Finlândia, Alemanha, Polônia e outros países do Leste Europeu.

É uma tendência comum em corpos de água costeiros em todo o mundo: escoamentos químicos da agricultura alimentam as algas até que consumam todo o oxigênio necessário para a vida marinha.

“As zonas mortas estão crescendo no Mar Báltico, principalmente devido a um processo chamado de eutrofização”, explica Pauli Merriman, diretor do programa do ‘Fundo Mundial para a Natureza’ (WWF). “É o que acontece quando o excesso de nutrientes, como nitrogênio e fósforo, são transportados da terra para o mar.”

Os nutrientes alimentam e aumentam a proliferação das algas, o que não só afeta negativamente o turismo como suja o mar, além de consumir o oxigênio em quantidades que o mar não suporta.

A agricultura representa a maior parte do escoamento dos nutrientes, mas a tratamento deficiente de águas residuais também resulta em eutrofização.

O Prof. Emérito Bob Diaz, do Instituto Virgínia de Ciência Marinha, um dos maiores especialistas em zonas mortas, publicou no fim de fevereiro com outros especialistas um relatório das Nações Unidas de planejamento para o meio ambiente intitulado “Nosso mundo de nutrientes”.

“Identificamos 540 sistemas costeiros no mundo que sofrem com a poluição por nutrientes e condições de baixo oxigênio, bem como 220 outras áreas de preocupação”, disse Diaz, segundo um artigo publicado no website do Instituto Virgínia de Ciência Marinha. “Procedimentos mais sábios para fabricação e uso de compostos de nitrogênio são fundamentais para qualquer tentativa séria de restaurar a saúde das águas costeiras e a vida marinha.”

Diaz citou a recuperação bem sucedida de 60 locais que foram colocados numa “dieta de poluição”. Ele disse que este sucesso é um bom augúrio para o maior estuário norte-americano, a Baia Chesapeake; a Agência de Proteção Ambiental dos EUA está agora limitando a quantidade de nitrogênio e fósforo que pode entrar no estuário.

Algumas vidas marinhas são versáteis e podem se afastar das áreas próximas do fundo do mar, onde os níveis de oxigênio são mais baixos, mas outras simplesmente morrem quando o oxigênio é esgotado.

“Organismos diferentes têm diferentes níveis de tolerância”, explicou Cecilia Lundblad da Agência Sueca de Proteção Ambiental. “Mas um nível de cerca de 2 miligramas por litro de água é considerado como limite para a maioria das espécies”, explicou ela.

“No entanto, nem toda a depleção de oxigênio é devido à eutrofização”, disse Merriman. “Isso também é causado pela natureza sensível do mar.”

O Mar Báltico é um mar relativamente fechado com lenta troca de águas. Áreas que têm menor oferta de água e altos níveis de nutrientes são mais suscetíveis à depleção de oxigênio.

Na década de 1960, o bacalhau era abundante desde o extremo sul ao extremo norte do Golfo de Botnia. Hoje, os pescadores de bacalhau só encontram sua pesca na parte sul do Mar Báltico. As espécies de peixes mais sensíveis, como o bacalhau, badejo e linguado, são os primeiros a desaparecer.

“Na situação atual, a falta de oxigênio é tão grande que dificilmente podem suportar mais”, disse Bertil Hakansson, diretor de gestão marinha da ‘Agência Sueca para a Gestão Marinha e da Água’. “No entanto, ainda há um risco de que mais fósforo seja liberado do fundo do mar em áreas que agora têm pouco oxigênio e [essas áreas podem] tornar-se totalmente sem oxigênio.”

Países da Convenção de Helsinque tem um plano de ação comum para o ambiente do Mar Báltico e para deter a eutrofização. Seu objetivo é conseguir um bom equilíbrio ecológico até 2021.

“A troca de água entre o Norte e o Mar Báltico está fora de controle, mas isso também é o pulmão do Mar Báltico”, disse Maria Laamanen, secretária da Comissão Helsinque. “A medida mais eficaz a ser tomada é reduzir os aportes de nutrientes para o mar para reduzir a quantidade de algas e matéria orgânica em decomposição.”
Autor: Madeleine Almberg