por Alexander Turra

As respostas das comunidades e populações a mudanças climáticas em ecossistemas marinhos podem ser mais rápidas no oceano aberto (por exemplo, por migração) do que em regiões costeiras, onde a mobilidade das espécies é mais restrita e os impactos antrópicos são mais severos (MacCarthy et al. 2001). Os efeitos das mudanças climáticas se somam a diversas outras pressões que estes ambientes já sofrem como poluição aquática, sobrepesca e perda ou fragmentação de habitats. A habilidade de se adaptar a novas temperaturas e a variação entre as espécies nos seus limites de tolerância termal serão fatores determinantes na resposta ao estresse ambiental (Pörtner and Knust, 2007). O aquecimento recente já excede a habilidade de adaptação de muitas espécies, o que acarretará grandes mudanças na estrutura, na função e nos serviços dos ecossistemas. Os habitats intermareais poderão estar comprometidos com a elevação do nível do mar, devido à fatores como ocupação humana, modificações e impactos na linha logo acima da maré e interação com os ecossistemas naturais adjacentes (terrestres ou de água doce). Diversas mudanças na fisiologia, distribuição e fenologia das espécies animais e vegetais estão previstas (Hughes 2000).
No Brasil a pesquisa com comunidades e populações dos ecossistemas costeiros encontra-se fragmentada e, atualmente, não está focada na avaliação dos impactos das mudanças climáticas. Não há protocolos padrões de estudos e muito menos articulação entre os diferentes pesquisadores. Neste aspecto é imperativo o estabelecimento de uma rede de pesquisadores e a consolidação do conhecimento existente, objetivando avaliar o efeito das mudanças climáticas nesses ambientes. A padronização de metodologias de monitoramento, estabelecimento de planos de trabalho e captação de recursos devem ser as primeiras metas desta rede.

Referências: